sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

“Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem"

Começo do ano letivo em várias escolas e as notícias sazonais se repetem: a volta de milhares de carros às ruas de São Paulo a engrossar ainda mais o trânsito e a causar congestionamentos, as paradas em fila dupla dos pais para deixar as crianças no colégio, o frisson dos pais de primeira viagem com a expectativa do primeiro dia do filho na escola e as notícias de trotes de mal gosto nas universidades.
Ligar a tevê e ver jovens de “boa família”, antagonizando uma passagem que deveria ser apenas de lembranças de conquista, de término de uma fase com sucesso e início de outra promissora é degradante. Enoja-me. A notícia que vi no jornal e que me revoltou foi a de uma estudante (entenda-se: delinqüente-enrustido travestido de estudante) que no auge da sua imbecilidade e irresponsabilidade fez uma mistura de solvente, creolina e remédio para atirar em uma caloura. Resultado: queimadura de segundo grau na moça que levou esse banho de coctail molotov , que além de tudo está grávida. Quando o Tramontina falou que agressora era estudante de pedagogia eu quis morrer. Pow!! Estudante de pedagogia??? Alguém comprometido com o respeito dentro do ambiente escolar, comprometido com a valorização do outro, com a formação de cidadãos conscientes e proativos do seu papel dentro da sociedade não poderia [jamais!!!] ter esse tipo de iniciativa.
É óbvio que ela não fez isso somente para brincar, mas para AGREDIR a outra. Oras, quando uma pessoa atira uma mistura dessa em outra não é pra deixá-la cheirosinha e sim pra ferrar com a vida dela. E alegar que era apenas uma brincadeira é nos chamar de imbecis!!! Muito provavelmente os pais dessa gente que pratica barbárie acreditam piamente que seus filhos joselitos-sem-noção estavam apenas brincando, e que as pessoas não deveriam levar a ferro e fogo as brincadeiras de jovens.
Recepcionar com hostilidade um aluno novo, fazer com que ele tenha as roupas e cabelos cortados e pintados, fazer com que ele seja obrigado a passar por situação vexatória na rua ao imitar bichos e pedir dinheiro nos semáforos, fazer com que ele seja atirado em piscinas (ainda que não saiba nadar), simplesmente porque “é legal”, é “da hora”, porque “TODOS estão fazendo”, porque “comigo fizeram a mesma coisa” é algo não compreensível. Entendo que quando o Pipoca (o lhasa apso do meu irmão) rosna ou late é por que tem motivo. Afinal “O animal é paciente, mas também não é nenhum demente”. E o Pipoca não agride ninguém e nem é hostil sem motivo.
Estou tentando entender qual o prazer disso tudo. O que será que um ser humano sente ao humilhar outro porque é novo na faculdade? Será que dá tesão? Será que faz o outro sofrer porque fizeram o mesmo com ele? Ou pior, fazer apenas porque é legal? Acho que meu filho será avô sem que eu consiga encontrar a resposta.
Ao passo que vemos essas insanidades na televisão, vemos também os trotes solidários. Pessoas que se juntam para doar sangue, para doar o seu tempo e suor para unir forças, construir e entregar casas a pessoas carentes, para promover um forrozinho com os novos colegas ou para promover doação de cestas básicas. Este tipo de iniciativa é LEGAL e por que raios as pessoas não copiam com mais frequência?
Como diria Renato Russo: “Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem". E essa gente que promove episódios deploráveis nunca teve disciplina na vida, nunca teve respeito e compaixão pelo outro e muito menos é forte o suficiente para se manter limpa e resistente às modinhas e costumes violentos que nunca levaram e não levam ninguém a um lugar de prestígio entre os bons.

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