sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sabe o "mais ou menos"?


Então, tem dias que a gente acorda "mais", tem dias que a gente acorda "menos" e tem os dias em que a gente acorda "mais ou menos".

Esses dias não estou sendo muito feliz em acordar "mais" ou "mais ou menos". O ponteiro anda lá embaixo, quase arrebentando o chão. Tem coisas que eu tenho que deixar no passado, mas a memória é rata e o "se" e o "por que" são ingratos de maneira que não consigo entender.


O que tem me segurado é saber que os dias "menos" não duram pra sempre. Logo logo acordo "mais ou menos" e quando eu menos esperar acordo "mais" novamente.


Cléo F. Alves
S. P.
01/08/2013
NERD

Você sabe de onde vem o termo “NERD”? Segundo algumas pesquisas que realizei a palavra não tem origem definida, há uma série de teorias. Em 1951, a Revista Newsweek publicou uma matéria sobre os costumes conservadores dos jovens da cidade de Detroit, usando o termo NERD. Coincidência ou não, em 1950 o escritor americano Theodore Seuss Geisel publicou o livro infantil “Se Eu Dirigisse o Zoológico”, que apresentava um personagem esquisitão chamado Nerd. Há ainda a teoria de que N. E. R. D. é uma sigla gravada no bolso da camisa de funcionários da empresa canadense de telecomunicações Northern Electric Research and Development (ou Nortel), o detalhe é que esses funcionários trabalhavam no laboratório de tecnologia. Uma outra teoria cogitada pelo lingüista John Robert Schmitz é de que “nurt” é uma gíria da língua inglesa usada para designar pessoas loucas. Nurt pode ter originado a palavra “nurd”, usada com o mesmo sentido de nerd.

Aqui no Brasil o senso comum entende que NERD é o nome dado a pessoa que se dedica demais aos estudos, tira notas boas na escola, consegue abster facilmente informações a partir de leituras e fazer associações com outras situações e pode ter alguma dificuldade de se relacionar com as pessoas (geralmente por pura timidez).

Pois é! Nem eu sabia exatamente de onde veio o termo, nota-se que não é muito familiar com a língua portuguesa. Ainda assim desde criança aprendi muito rapidinho o que era ser uma NERD, pois me taxavam como uma.

Acredito que NERD não é bem o que o senso comum prega, vejo como uma característica de comportamento, modo de vida de pessoa antenada em tecnologia, ciências ou que tem interesses muito específicos, alguém que pode até não ir bem na escola em matérias como história e língua portuguesa, é autodidata, tem seus próprios métodos de aprendizagem e organização, consegue fazer inferências e compreende facilmente como a sociedade funciona. Reitero que é uma concepção pessoal e que não vejo demérito algum em pessoas que se encaixam neste perfil, muito pelo contrário, as admiro pela autenticidade e determinação pela busca do conhecimento que muito tem contribuído com a humanidade. Quem me dera ter cacife para ser nerd.

Nunca me considerei uma pessoa de inteligência além do normal, sou esforçada e me dedico. Detesto ter meu nome associado a coisas malfeitas, sempre senti vergonha de tirar notas baixas e me enfurecia saber que os colegas foram além de mim. Pensava “Se ele consegue fazer, consegue entender, consegue se dedicar eu também consigo”. Meu mundinho adolescente era escola e “Malhação” (Sim!! Eu adorava ver a novela interminável da Globo quando a Carolina Dieckman, o Cláudio Heinrich e o André Marques eram referência adolescente). Meus pais trabalhavam o dia inteiro e eu só tinha que limpar a casa e tirar notas boas, achava um trato mais que justo. Pensando assim, minhas notas no ensino médio eram ótimas, muitos “A” e alguns “B” que eu engolia a seco. É bom ressaltar que naquela época se a gente não tivesse frequência e competência repetia de ano sem dó ou piedade, os colegas com rendimento sofrível ficavam de recuperação e nem sempre passavam para a série seguinte. Aquilo sim era escola! Bobeou, dançou!! Quem não estudava não passava, pronto e acabou!! Também nunca vi pai/mãe fazer cena com o professor por causa disso. Hoje em dia.... Melhor nem dizer. Já adulta eu não tinha mais trato com os meus pais, mas as notas na faculdade eram boas, cheguei a ver cópias do meu caderno rolando solto pela sala e ainda me orgulho de ter sido uma das duas alunas do curso a tirar “10” em Bases Históricas e Filosóficas da Pedagogia (a outra colega foi a Claudia Napoleão).

Hoje na escola me deparei com uma cena que me marcou. Um aluno estava acalmando o colega que estava à beira de um surto nervoso, ele dizia ofegante “Não aguento mais!!”. O colega não somente conversava com o outro para acalmá-lo, como também literalmente o impedia de fazer uma mer**. Eu e minha colega Rosana ao vermos o garoto segurando o outro logo nos mobilizamos e pensamos que os dois estavam se entranhando para partir para a agressão. Ao conversar rapidamente com os dois percebemos que um estava ajudando o outro. A Direção já havia se mobilizado antes e achei legal ver o garoto lançar mão de 2.000 argumentos para ajudar o colega. Depois fiquei sabendo que um terceiro garoto chamou o menino que estava nervoso de NERD.

Puts! Desde que me entendo por gente as pessoas medíocres tem o hábito de criar defeitos nos outros para tentar ocultar a própria dificuldade de aprendizagem lógico-matemática/linguística/espacial [e dá-lhe Gardner!!], muito valorizada na escola. Logo, quem entende o conteúdo proposto em sala de aula ou faz o esforço, se dedica por gostar ou por ter um acordo como eu tinha com os meus pais e por isso tira notas boas é taxado pejorativamente como NERD.

Eu dou minha cara a tapa como esse garoto que chamou o colega de NERD sequer sabe o que o termo significa. Presumivelmente esse garoto equivocado sequer tira notas boas por gostar de estudar ou por entender o que se propõe em sala de aula. É notório que ele não respeita o modo de ser do outro, não respeita o direito do outro de estar em sala de aula para estudar e não respeita o direito do professor de fazer seu trabalho em paz. Enfim, não respeita nada e nem ninguém.

Eu não consigo conceber NERD como um adjetivo pejorativo, não consigo entender qualquer demérito nisso, até mesmo porque entendo NERD como já descrito “...característica de comportamento, modo de vida de pessoa antenada em tecnologia, ciências ou que tem interesses muito específicos, alguém que pode até não ir bem na escola em matérias como história e língua portuguesa, é autodidata, tem seus próprios métodos de aprendizagem e organização, consegue fazer inferências e compreende facilmente como a sociedade funciona.”

É lamentável ver que alguns adolescentes não conseguem identificar e aproveitar as oportunidades que lhe são ofertadas e para que elas servem. Vão à escola e não sabem o motivo, salvo o bolsa família, leite, tra lá lá...

O que me consola é que esse povo medíocre que perturba num futuro não muito distante vai mendigar emprego para um nerd, desejará celulares, computadores e carros projetados por um nerd, invejará a prosperidade de um nerd ou terá sua vida ou a vida de uma pessoa querida dependente de um tratamento de saúde que envolve tecnologia que um nerd desenvolveu.

Cléo F. Alves
S. P.
02/08/2013