Quando eu era criança a melhor
brincadeira depois de esconde-esconde era o pega-pega. Sempre um
gritava "tá comigo" e a brincadeira começava. O colega
danava a correr virado no jiraya atrás dos outros a fim de tocá-los
e passar o "tá comigo" para alguém que também correria
feito doido até alcançar e tocar um terceiro que vacilasse na
corrida ou nas esquivas com o corpo.
Consegue imaginar a dimensão de um
pega-pega num fim de tarde de verão num condomínio da zona "lost"
da cidade de São Paulo? Cara, qualquer esforço que você faça não
vai dar a mínima dimensão da gritaria que era esse prédio mais ou
menos em 1988/1990. Todas as crianças sem celular, sem tablet, sem
XBOX ou Playstation. Tínhamos joelhos e cotovelos ralados,
casquinhas de feridas por quedas sempre fresquinhas e tudo isso sem
que alguma mãe ameaçasse qualquer criança pelo acidente em que a
cria se machucou. Naquela época ainda era natural as crianças se
machucarem brincando, hoje em dia nem tenho coragem de reproduzir o
que ouço de pai/mãe quando o filho se rala na escola porque caiu e
se machucou enquanto brincava no recreio.
Retomando ao pega-pega, para as
crianças mais lentas ou já cansadas de tanto correr havia o PIXS,
que era uma árvore ou determinada grade que delimitava o prédio,
que ao ser tocada permanentemente livrava a criança de ser "pega"
pelo colega. O anjinho ia com tudo na árvore e gritava “PIXS!!”
e o outro na hora parava de correr atrás dele.
Criança é safa, inventa umas brechas,
uns refúgios quando o fôlego ou a coragem já não são o bastante.
Dae a gente cresce e não sabe onde o tal do PIXS foi parar.
Cléo F. Alves
S. P.
25/09/2013
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