quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O PIXS

Quando eu era criança a melhor brincadeira depois de esconde-esconde era o pega-pega. Sempre um gritava "tá comigo" e a brincadeira começava. O colega danava a correr virado no jiraya atrás dos outros a fim de tocá-los e passar o "tá comigo" para alguém que também correria feito doido até alcançar e tocar um terceiro que vacilasse na corrida ou nas esquivas com o corpo.

Consegue imaginar a dimensão de um pega-pega num fim de tarde de verão num condomínio da zona "lost" da cidade de São Paulo? Cara, qualquer esforço que você faça não vai dar a mínima dimensão da gritaria que era esse prédio mais ou menos em 1988/1990. Todas as crianças sem celular, sem tablet, sem XBOX ou Playstation. Tínhamos joelhos e cotovelos ralados, casquinhas de feridas por quedas sempre fresquinhas e tudo isso sem que alguma mãe ameaçasse qualquer criança pelo acidente em que a cria se machucou. Naquela época ainda era natural as crianças se machucarem brincando, hoje em dia nem tenho coragem de reproduzir o que ouço de pai/mãe quando o filho se rala na escola porque caiu e se machucou enquanto brincava no recreio.

Retomando ao pega-pega, para as crianças mais lentas ou já cansadas de tanto correr havia o PIXS, que era uma árvore ou determinada grade que delimitava o prédio, que ao ser tocada permanentemente livrava a criança de ser "pega" pelo colega. O anjinho ia com tudo na árvore e gritava “PIXS!!” e o outro na hora parava de correr atrás dele.


Criança é safa, inventa umas brechas, uns refúgios quando o fôlego ou a coragem já não são o bastante. Dae a gente cresce e não sabe onde o tal do PIXS foi parar.



Cléo F. Alves
S. P.
25/09/2013

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